Quando comecei a descobrir como me tornar gente, me dei conta que a vida não vinha com manual de instruções. Antes dessa constatação, parecia que tudo era mais fácil e que o dia se resumia em acordar, resolver pequenas tarefas, esperar mais um pouquinho... e dormir.
É assim quando se tem a idade das
menininhas que só pensam em coisas fofas e na nova
coleção de fotos do galã do momento.
Quem já não viveu esse tipo de letargia? Eu vivi!!! E foi bom. Cada dia de nossas vidas tem o tempo certo para acontecer. O manual não veio preparado, lembra? Folha por folha será escrita aos poucos, sem nem ao menos notarmos.
Há tempo para
engatinhar, para estudar, brincar, descobrir o menino do lado que parecia chato, mas o
deixou de ser porque em um dia não tão belo assim, te ajudou a levantar. Também existe tombos em contos de fadas, sabia?
Há o tempo de construir amizades, revelar talentos, assumir responsabilidades e reconhecer que não se tem mais 20 e poucos anos...
Um dia compreendemos que é preciso aprender a se gostar, se revelar, se deixar colorir. Abandonar a
crisálida para finalmente "
metamorfosear" e reconhecer um novo EU naquela que antes ficava escondida.
Aprendemos coisas novas e voltamos a fazer coisas antes abandonadas. Costuramos retalhos de lembranças soltas, adquirirmos uma certa estabilidade e conforto emocional para termos onde nos apoiar quando tudo parecer querer nos sugar a qualquer momento, como em um grande buraco negro. Sem dó, nem piedade.
Já não trocamos mais figurinhas coloridas e numeradas de álbuns vistosos. As únicas figuras que passam por nós, são os rostos de todas as pessoas que cruzam nossos caminhos pelos dias afora.
Mudei eu? Mudou você?
Não como mais tanta pipoca.
Chiclete? Às vezes... e só se for de caixinha! Chocolate no meu caso não engorda, mas não pode manchar blusa nova. Confeito, em bolo da afilhada.
Frajola virou S
ilvester. Trança, em festa
junina. Desenhos, não mais de casinha. Tintas... nas telas.
A vida é assim, não pára nunca pra
descansar. Os ponteiros
insistem em correr e quando percebemos, já não existe mais tempo para (tantas) brincadeiras. E o que eu faço? Visto o vestido que deixou de ter fitas e babados, calço os sapatos que não são de bonecas e saio sem mais demora, porque agora...
Eu tô solta no mundo!!!Escrito por Andressa B.