sábado, 5 de dezembro de 2009

Lugar Escondido

Arraste-me por lugares distantes
para que eu possa tocar as estrelas
ouvindo a melodia do meu coração.
Local na qual tudo possa ser real
e haja sempre espaço
para novas descobertas.
Eu te peço que me leve sem demora,
lá, onde nem eu mesmo sei
mas onde tanto quero chegar.
Mostre as possibilidades...
Escuto as vozes,
elas me dizem para não ter medo.
Sussurram coisas que só eu posso ouvir.
Preciso da tua companhia,
então fecho os olhos e me deixo guiar
pelas luzes brilhantes do caminho
que se abre à nossa frente.
Quero sentir tudo à minha volta!
Compartilhar o "gosto do som e a melodia do toque".
Perceber de diferentes maneiras
o que sempre experimentamos
da mesma forma.
Mostre-me onde deixei a minha razão.
Ainda quero poder tocar as estrelas...
Escrito por Andressa B.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Solta no Mundo!

Quando comecei a descobrir como me tornar gente, me dei conta que a vida não vinha com manual de instruções. Antes dessa constatação, parecia que tudo era mais fácil e que o dia se resumia em acordar, resolver pequenas tarefas, esperar mais um pouquinho... e dormir.
É assim quando se tem a idade das menininhas que só pensam em coisas fofas e na nova coleção de fotos do galã do momento.
Quem já não viveu esse tipo de letargia? Eu vivi!!! E foi bom. Cada dia de nossas vidas tem o tempo certo para acontecer. O manual não veio preparado, lembra? Folha por folha será escrita aos poucos, sem nem ao menos notarmos.
Há tempo para engatinhar, para estudar, brincar, descobrir o menino do lado que parecia chato, mas o deixou de ser porque em um dia não tão belo assim, te ajudou a levantar. Também existe tombos em contos de fadas, sabia?
Há o tempo de construir amizades, revelar talentos, assumir responsabilidades e reconhecer que não se tem mais 20 e poucos anos...
Um dia compreendemos que é preciso aprender a se gostar, se revelar, se deixar colorir. Abandonar a crisálida para finalmente "metamorfosear" e reconhecer um novo EU naquela que antes ficava escondida.
Aprendemos coisas novas e voltamos a fazer coisas antes abandonadas. Costuramos retalhos de lembranças soltas, adquirirmos uma certa estabilidade e conforto emocional para termos onde nos apoiar quando tudo parecer querer nos sugar a qualquer momento, como em um grande buraco negro. Sem dó, nem piedade.
Já não trocamos mais figurinhas coloridas e numeradas de álbuns vistosos. As únicas figuras que passam por nós, são os rostos de todas as pessoas que cruzam nossos caminhos pelos dias afora.
Mudei eu? Mudou você?
Não como mais tanta pipoca. Chiclete? Às vezes... e só se for de caixinha! Chocolate no meu caso não engorda, mas não pode manchar blusa nova. Confeito, em bolo da afilhada. Frajola virou Silvester. Trança, em festa junina. Desenhos, não mais de casinha. Tintas... nas telas.
A vida é assim, não pára nunca pra descansar. Os ponteiros insistem em correr e quando percebemos, já não existe mais tempo para (tantas) brincadeiras. E o que eu faço? Visto o vestido que deixou de ter fitas e babados, calço os sapatos que não são de bonecas e saio sem mais demora, porque agora...
Eu solta no mundo!!!



Escrito por Andressa B.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Imagens

Não preciso sempre das palavras para externar o que tenho aqui dentro. Às vezes elas teimam em me abandonar, como agora. Mas existem muitas outras infinitas possibilidades que podem ser empregadas como forma de expressão. Então decidi usar aquela que mais me sensibiliza, aquela que mais amo: a pintura.

Deixo que cada imagem fale por si...

Menina Loira - Andressa B./2002


Floresta de Luz - Andressa B./2002





O Bosque - Andressa B./2002



Natureza Morta e Mangas - Andressa B./2007






Rosto de Mulher - Andressa B./2009

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Conflitos

Não diga como eu devo agir,
porque eu já cansei de obedecer.
E não se assuste quando não me encontrar ao seu lado.
Às vezes,
eu preciso do avesso
já que o direito cansa quando é muito usado.
Em algumas situações
obscureça as minhas vontades
com um pouco da sua loucura,
mesmo que por breves momentos...
Deixe eu fazer do meu jeito!
O meu "não", também pode ser um sim.
Dispenso a compreensão,
aceito o caos como parte da minha situação.
Devagar e feita de demoras...
O que me mostrou, eu já vi antes.
O que me deu, recebi outras vezes.
Na docilidade também reside a impetuosidade
e nos desconcertos,
fragmentos de personalidades descobertas.
Então aceite a minha condição
entendendo que o meu tudo
é uma parte do que eu posso dar
e que as adversidades que carrego
e os conflitos que trago,
são porções da pessoa que você conhece tão precariamente bem.
Sempre serei EU e todos os MEUS COMBATES...
escrito por Andressa B.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Bilhetinho



Eu recebi meu bilhetinho...
Estava dobrado em partes desiguais, cortado sem grandes cuidados e sem a ajuda de tesoura. Na frente (pelo menos me parecia ser a frente), uma ortografia desajeitada e vacilante unia letras ora miúdas, ora graúdas, que traziam uma mensagem carinhosa muito simples endereçada a mim e escrita com caneta cor-de-rosa e lápis "rombudo".
Mãozinhas de um "ser", transpuseram naquele pedaço de papel desejos sinceros de um coração que ama. E porque as palavras talvez não fossem suficientes (pelo menos não da maneira que acreditamos), desenharam de maneira tosca, símbolos repletos de significados.
Coloridas manchas pintadas com guache, na qual desvendei corretamente como balões, mas que a outros olhos (e isto aconteceu!) pareciam apenas as cores de um semáforo, inspiravam o prazer daquele dia.
Lembrando um pacote que merece toda atenção, meu pedacinho de carinho foi aberto em mais duas partes, revelando em cores vibrantes e carmins a presença de uma personagem feliz com sapatinhos vermelhos prontos a percorrerem novos caminhos.
Assinatura não foi preciso, pois a pequena artista tratou de deixar carimbada a sua canhota, personalizando com grande eficácia todo o seu trabalho. Ansiosa, aguardava. Impaciente, olhava para mim e para o papelzinho na expectativa da aprovação redentora daquele seu gesto.
Mais um entre tantos que já ganhei! Todos abarrotados de sapatinhos vermelhos e criaturas sorridentes. O dia não precisava de mais nada. Não naquela hora... Naquele instante...
E você, já recebeu seu bilhetinho hoje?
Escrito por Andressa B.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

A Minha Belém



Minha cidade é morena da cor do jambo.
Repleta de cores, odores
muitos... muitos sabores!
Carrega na alma partes de um povo
repleto de histórias caboclas.
Águas pulsantes
embaladas ao som de batuques,
movem-se como as saias
que ondulam em graciosas curvas de chitas.
Calçadas de pedras gastas pelo vai e vem
narram até nós fatos passados,
porções de uma época
testemunhada por uma arquitetura combatente.
Aqui e acolá
músicas tão "de Belém", guardadas a "Chaves"
celebram dias
que parecem sempre pertencer
a tardes
tão quentes...
abafadas e úmidas.
Todo ano é outubro!!!
E seja qual for o mês: novembro, dezembro
ou outro qualquer
sempre haverá
as chuvas que são de março
e de todos os nossos dias.
Porque aqui, sombrinha é acessório,
mas também é flor
regada quase sempre lá pelas três.



Escrito por Andressa B.

domingo, 24 de maio de 2009

"Estando"



Gosto de gente, de contato... olhos nos olhos!
Relações tecidas de histórias. Estar com quem se tem vontade e manter vínculos com amigos queridos. Nada contra a internet e todo imediatismo digital, tão pouco contra os sites de relacionamentos (apesar de não ser fã deles). Mas o que aconteceu com as amizades de infância ou com os amigos que estão junto de nós porque ao longo de uma convivência criaram raízes conosco?

Não coleciono números, sou avessa a eles. Coleciono possibilidades... sentimentos... beleza...
Deixo de lado um milhão de carinhas bonitas e sorridentes, que apenas cruzaram (talvez não) o caminho. Agrego alguns, escolhidos não a dedo, mas pelo coração. Podem parecer poucos quando comparados a tanta gente que só sabe dizer "oi" e mais nada... Mais um entre milhões! Mas só parecem... Grandes são os momentos e a delicadeza verdadeira dos sentimentos.

Quero carne e osso! Para "ir ao mundo" sem hora pra voltar ou em uma tarde qualquer, sem nada de especial em um fim de semana, assumir um personagem. Quero o calor do sorriso amigo seja para estudar, tomar sorvete, conversar e mais nada.

Gente que se toca e se abraça, que pode também mandar recados, torpedos, scraps, telefonemas e tudo mais. Mas que não esquece que bom é estar junto, podendo até ser de longe, mas sempre "estando"...



Andressa B.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Ata-me!


Beija-me com sofreguidão...
e de maneira tão intensa,
que sejas capaz de me levar à exautão.
Abraça-me de forma protetora,
acolhedora.
Mas que seja um abraço longo e duradouro.
Comprime meu corpo contra o teu.
Ata-me em ti,
de tal maneira que eu possa escutar
as batidas que vêm do teu peito.
E que o mundo se acabe!
Não importando quando, nem como.
Que o tempo pare,
ou pelo menos transcorra lento,
prolongando assim
os momentos e sensações que podem existir.
Simplesmente,
porque dois corpos estão juntos...
Escrito por Andressa B.

terça-feira, 24 de março de 2009

Etapas do Cinza


Rabisco no papel o fragmento de uma idéia que ainda está por amadurecer durante todo o processo da criação. Deslizo pela superfície meio rugosa as inseguranças das formas inacabadas e distribuo os "pesos", até achar na composição, o equilíbrio que às vezes falta em mim.

Não quero cores! Quero a escala rica dos cinzas. Os cinzas também são coloridos, apresentam as sutilezas e contrastes de uma beleza singular e crua. Do carvão, extraio o diamante. Com pequenas barras construo uma trajetória, onde o rastro do pó não oferece obstáculos, mas agrega ao trabalho a riqueza das nuances.

O caos metamorfosea e aos poucos, ganha forma. Espaços em branco iluminam o emaranhado de tramas, tornando mais leve e palpável aquilo que ainda não existe por completo, mas sempre esteve lá. Procuro não compreender o que acontece, apenas me entrego aos devaneios.

Eu busco o belo... sem deixar que isso atrapalhe a minha percepção dos acontecimentos. Quero hoje o que salta a visão e aguça os sentidos. Construo retirando aquilo que sobra, marco áreas realçando outras. Opondo, componho contrários que se completam e por se completarem, me dizem quando parar.

Só então, depois de contemplar, analisar e submeter à autocrítica, decido apropriar-me do resultado verdadeiramente. Em um canto, de maneira discreta e sem tornar elemento, coloco o nome e assino minha verdadeira condição: criatura, criadora... artista!



Escrito por Andressa Bardier

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Birra


E se eu quiser hoje?
Ficarei como criança sem doce?
Cara marejada cheia de vontade.
Nenhuma paciência no rosto tirano.
Mas de tiranos o mundo está repleto.
Aliás, também de crianças birrentas
porque lá no fundo...
Todos somos assim!
Muita vontade, pouca disciplina.
Muito imediatismo, pouca tolerância.
Muita superficialidade, pouco conteúdo.
Muitas e muitas coisas...
Mas também, muitas poucas coisas.
O meu agora demora a chegar.
E se eu disser e daí?
O que vão me responder?
Cara de pouco caso,
expressão de que pouco importa.
Os gestos controlados,
forçosamente tolhidos.
Consegue quem demonstra controle.
Mas controle de quem? Ou do quê?
E o que se consegue, nem sempre satisfaz.
Eu tenho... mas não preciso.
Recebi... poderia ser mais.
Amei... o suficiente?
Ainda quero!
"E se eu quiser hoje?"
Começa tudo de novo
e de novo...
(...)
Escrito por Andressa B.

sábado, 24 de janeiro de 2009

A Felicidade e seus significados...

A felicidade vem do nada, de maneira muito rápida, sem se fazer anunciar. Viaja no galope dos segundos, no improviso das horas. Supre todos os espaços, preenchendo o que antes estava vazio... Felicidade não pode ser aprisionada. Não suporta os grilhões que tentamos a todo custo colocar. Prazer maior é poder vivenciá-la e admirá-la, prolongando assim os efeitos que ela nos causa.
Felicidade é a chuva que cai no fim da tarde. É o passeio sem roteiro, livre do compromisso de chegar a algum lugar. Felicidade não tem nome. É o abraço da mãe nas horas em que tudo o que queremos é voltar à infância. É o olhar do amigo nos momentos de solidão e o abraço do mesmo quando não esperamos. É poder pintar e se sujar, colorindo aqui e acolá um tema qualquer. Felicidade é o poema que se perdeu na fala... ficou no silêncio, porque o que deveria ser dito, ficou perdido na emoção.
Eu sigo meu caminho atrás daquilo que não vejo, mas posso sentir. Acredito no mundo sem porteiras, onde somos livres para sonhar o que queremos e experimentar todos os amores que deixamos de vivenciar pelos mais diversos motivos. Eu vivo assim... no instante de cada dia, com o prazer de algumas companhias ou feliz por inteiro comigo mesma.
Eu quero caminhar ao lado de quem me copreenda, quero contar histórias engraçadas. Rir do nada, sentir o vento e chorar de alegria. Quero chocolate em uma tarde fria, a conversa prolongada pelo prazer da companhia e o boa noite depois de mais um dia.
E quando a felicidade vier me visitar, quero acolhê-la em sua chegada com enorme satisfação, sabendo que o melhor é se deixar contagiar, é não dispersar as forças, vivendo a minha parte da vida sem reservas com um sorriso no rosto e firmeza nas decisões.
Escrito por Andressa B.