segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

A menina dos fósforos

Depois de ler esse texto na Internet, decidi pegá-lo "emprestado". Guardei em um canto o meu. Não era a hora dele...
Estava tão frio! A neve não parava de cair e a noite aproximava-se. Aquela era a última noite de Dezembro, véspera do dia de Ano Novo. Perdida no meio do frio intenso e da escuridão, uma pobre menina seguia pela rua afora, com a cabeça descoberta e os pés descalços. É certo que ao sair de casa trazia um par de chinelos, mas não duraram muito tempo, porque eram uns chinelos que já tinham pertencido à mãe, e ficavam-lhe tão grandes, que a menina os perdeu quando teve de atravessar a rua correndo para fugir de um trem. Um dos chinelos desapareceu no meio da neve e o outro foi apanhado por um garoto que o levou, pensando fazer dele um berço para a irmã mais nova brincar.
Por isso, a menina seguia com os pés descalços e já roxos de tanto frio; levava no avental uma quantidade de fósforos, e estendia um maço deles a todos que passavam, dizendo: - Quem compra fóforos bons e baratos? - Mas o dia tinha ido mal. Ninguém comprara os fósforos, e, portanto, ela ainda não conseguira ganhar um tostão. Sentia fome e frio, e estava com a cara pálida e as faces encovadas. Pobre criança! Os flocos de neve caíam-lhe sobre os cabelos compridos e loiros, que se encaracolavam graciosamente em volta do pescoço magrinho; mas ela nem pensava nos seus cabelos encaracolados. Através das janelas, as luzes vivas e o cheiro da carne assada chegavam à rua, porque era véspera de Ano Novo. Nisso, sim, é que ela pensava.
Sentou-se no chão e encolheu-se no canto de um portal. Sentia cada vez mais frio, mas não tinha coragem de voltar para casa, porque não vendera um único maço de fósforos, e não podia apresentar nem uma moeda, e o pai era capaz de lhe bater. E afinal, em casa também não havia calor. A família morava numa água-furtada e o vento metia-se pelos buracos das telhas, apesar de terem tapado com farrapos e palhas as fendas maiores. Tinha as mãos quase paralisadas com o frio. Ah, como o calorzinho de um fósforo aceso lhe faria bem! Se ela tirasse um, um só, do maço, e o acendesse na parede para aquecer os dedos! Pegou num fósforo e: Fcht!, a chama espirrou e o fósforo começou a arder! Parecia a chama viva e quente de uma candeia, quando a menina a tapou com a mão. Mas, que luz era aquela? A menina julgou que estava sentada em frente de uma lareira cheia de ferros rendilhados, com um guarda-fogo de cobre reluzente. O lume ardia com uma chama tão intensa, e dava um calor tão bom! Mas, o que se passava? A menina estendia já os pés para se aquecer, quando a chama se apagou e a lareira desapareceu. E viu que estava sentada sobre a neve, com a ponta do fósforo queimado na mão.
Riscou outro fósforo, que se acendeu e brilhou, e o lugar em que a luz batia na parede, tornou-se transparente como tule. E a menina viu o interior de uma sala de jantar onde a mesa estava coberta por uma toalha branca, resplandecente de louças delicadas, e mesmo no meio da mesa havia um ganso assado, com recheio de ameixas e purê de batata, que fumegava, espalhando um cheiro apetitoso. Mas, que surpresa e que alegria! De repente, o ganso saltou da travessa e rolou para o chão, com o garfo e a faca espetados nas costas, até junto da menina. O fósforo apagou-se e a pobre menina só viu na sua frente a parede negra e fria.
Ela acendeu um terceiro fósforo. Imediatamente se encontrou ajoelhada debaixo de uma enorme árvore de Natal. Era ainda maior e mais rica do que outra que tinha visto no último Natal, através da porta envidraçada, em casa de um rico comerciante. Milhares de velinhas ardiam nos ramos verdes, e figuras de todas as cores, como as que enfeitam as vitrines das lojas, pareciam sorrir para ela. A menina levantou ambas as mãos para a árvore, mas o fósforo apagou-se e todas as velas de Natal começaram a subir, a subir, e ela percebeu então que eram apenas as estrelas a brilhar no céu. Uma estrela maior do que as outras desceu em direção à terra, deixando atrás de si um comprido rastro de luz.
"Foi alguém que morreu.", pensou para consigo a menina; porque a avó, a única pessoa que tinha sido boa para ela, mas que já não era viva, dizia-lhe às vezes: "Quando vires uma estrela cadente, é uma alma que vai a caminho do céu".
Esfregou ainda mais outro fóforo na parede: Fez-se uma grande luz e no meio apareceu a avó, de pé, com uma expressão muito suave, cheia de felicidade!
- Avó! - gritou a menina - Leva-me contigo! Quando este fósforo se apagar, eu sei que já não estarás aqui. Vais desaparecer como a lareira, como o ganso assado, e como a árvore de Natal, tão linda.
Riscou imediatamente o punhado de fósforos que restava daquele maço, porque queria que a avó continuasse junto dela, e os fósforos espalharam ao redor uma luz tão brilhante como se fosse dia. Nunca a avó lhe parecera tão alta nem tão bonita. Tomou a neta nos braços, e soltando os pés da terra, no meio daquele resplendor, voaram ambas tão alto, tão alto, que já não podiam sentir frio, nem fome, nem desgostos, porque tinham chegado ao reino de Deus.
Mas ali, naquele canto, junto do portal, quando rompeu a manhã gelada, estava caída uma menina, com as faces roxas, um sorriso nos lábios... morta de frio, na última noite do ano. O dia de Ano Novo nasceu, indiferente ao pequenino cadáver, que ainda tinha no regaço um punhado de fósforos. - Coitadinha, parece que tentou aquecer-se! - Exclamou alguém. Mas nunca ninguém soube quantas coisas lindas a menina viu à luz dos fósforos, nem o brilho com que entrou, na companhia da avó, no Ano Novo.
Autor do Texto: Hans Christian Andersen

domingo, 19 de setembro de 2010

Às avessas


Existem mulheres que não são boas de "pontaria". Eu diria até, que nasceram achando que o direito também é esquerdo. Pensando dessa maneira, talvez (e essa possibilidade é muito... muito grande!!!) eu faça parte deste seleto grupo de descoordenadas. Essa fatia do sexo feminino, parece ter grande fascínio pelo que é complicado e de difícil alcance. Não se sabe exatamente o motivo, mas grandes filas, aglomerados de pessoas, telefone ocupado, deslizes sociais constrangedores e outras tantas situações frustrantes, acontecem corriqueiramente sem grandes intervalos no dia-a-dia dessas pobres e cativantes criaturas (da qual como já disse, também me incluo).
Seria algum tipo de "missão" designada a nós? Tornaria mais fácil e engraçado a aceitação desse fato, se de um dia para o outro, cientistas comprovassem que essa parcela desconcertante de representantes do cromossomo X, tivessem também um "radar" ambulante para as últimas ofertas imperdíveis daquela loja sensacional com preços intimidantes. Mas pelo que parece, tais cientistas não andam com tempo livre para realizar estudos esclarecedores e compensatórios.
Mas nada pode ser tão perturbador quanto o grande magnetismo que os amores proibidos ou complicados exercem sobre nós. Sim! Porque se em algum lugar longínquo existir um homem problemático (ou com outros atributos de mesma valoração) fatalmente, assim como "dois mais dois é igual a quatro"; seremos arrastadas, sugadas, atraídas como ímã até esse sujeito.
O que dizer então daquelas circunstâncias improváveis de acontecerem, que se sucedem como dominós enfileirados diante de nós e somente conosco? Hipoteticamente, se houvesse um estádio cheio de homens, contando apenas com a presença inexpressiva de um único elemento complexo, com toda certeza eu por exemplo, o encontraria com um esbarrão. Sempre esbarro em alguém, nesse caso não seria diferente.
Deveria existir uma explicação plausível para as interrogações da vida e como o QUASE, parece ser uma constante variável nessa equação não resolvida... chegamos por diversas vezes muito próximas a alcançar o objeto de nosso anseio: o vestido vermelho de arrasar, o emprego dos sonhos, a tão esperada viagem e a QUASE atenção desejada daquele homem magnífico, que fica bem em uma camisa mais ajustada ao peito.
Assim os dias vão passando... algumas vezes sem grandes surpresas. Despretensiosos e arrastados. Em outras, ligeiros e pontuados por momentos desastrosos. Mas o que importa é que essas mulheres às avessas, nascidas com um braço esquerdo a mais continuam seguindo suas vidas, sempre na esperança de serem felizes e que de preferência, não precisem testar sua "pontaria".
Escrito por Andressa B.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Sopro da Essência

Meu espírito enfim te exalta!
Transborda de grande alegria.
Semeia cândura, colhendo ternura.
Minha alma de tantas cores,
possui escala de diversos valores.
Aura colorida,
com fluente energia.
Vitalidade é a palavra!
Vital é o exercício da compaixão.
Inspirar paz, bondade...
Expirar rancor, injustiça...
Caminhar com segurança,
aprender a compreender.
Fortalecer encontros,
compartilhar experiências.
Meu espírito em ti está!
Sempre a tua espera...
Grandiosa é a sensação do aprendizado constante,
lapidação pura da essência...
Escrito por Andressa B. (Julho de 1999)

Anjo

Anjo,
pega na minha mão!
Guia-me por lugares seguros,
leva-me ao paraíso.
Não me deixes só...
Anjo,
sopro da minha vida,
me proteja
não me abandona!
Anjo,
onde estarás agora?
Por que a demora?
Escrito por Andressa B. (Junho de 1999)

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Onomatopéia de Sensações



"Ploft!"
Perdi um tanto de mim.
Caiu onde? Deixei por aí?
Alguém viu?
Em cada encontro, abandonei um pouco do que sou
naquele que se foi
e um pouco daquele que já não está,
ficou espalhado em mim.
"Cataplum!"
Esparramei minhas alegrias,
embaralhei as incertezas
e joguei para o alto tudo aquilo
que eu achava que devia ser.
Não há como voltar...
"Bam!"
Encerrei o que não havia começado.
Aparei as arestas,
muita coisa ficou de fora.
O que sobrou do lado de cá
já não é necessário (viver de detalhes é desgastante).
E por ora isso basta!
Mas só por ora...
Porque nesse mundo de "ploft", "cataplum" e "bam",
há muita coisa significada
esperando por ser descoberta.
Escrito por Andressa B.