terça-feira, 24 de março de 2009

Etapas do Cinza


Rabisco no papel o fragmento de uma idéia que ainda está por amadurecer durante todo o processo da criação. Deslizo pela superfície meio rugosa as inseguranças das formas inacabadas e distribuo os "pesos", até achar na composição, o equilíbrio que às vezes falta em mim.

Não quero cores! Quero a escala rica dos cinzas. Os cinzas também são coloridos, apresentam as sutilezas e contrastes de uma beleza singular e crua. Do carvão, extraio o diamante. Com pequenas barras construo uma trajetória, onde o rastro do pó não oferece obstáculos, mas agrega ao trabalho a riqueza das nuances.

O caos metamorfosea e aos poucos, ganha forma. Espaços em branco iluminam o emaranhado de tramas, tornando mais leve e palpável aquilo que ainda não existe por completo, mas sempre esteve lá. Procuro não compreender o que acontece, apenas me entrego aos devaneios.

Eu busco o belo... sem deixar que isso atrapalhe a minha percepção dos acontecimentos. Quero hoje o que salta a visão e aguça os sentidos. Construo retirando aquilo que sobra, marco áreas realçando outras. Opondo, componho contrários que se completam e por se completarem, me dizem quando parar.

Só então, depois de contemplar, analisar e submeter à autocrítica, decido apropriar-me do resultado verdadeiramente. Em um canto, de maneira discreta e sem tornar elemento, coloco o nome e assino minha verdadeira condição: criatura, criadora... artista!



Escrito por Andressa Bardier